Post Sixty Seven - Cinema Brasileiro

Category: By Marcel



Ah, Brasil!

É inevitável não enxergar a melhoria ascendente do cinema brasileiro. Não me refiro só a características técnicas, como iluminação, arte, fotografia, trilha sonoras... Falo de experiência.
Pode-se dizer que de uma forma geral, nosso cinema cada vez menos deixando a desejar aos roteiros, atores e diretores do Grandes Estúdios, e o principal, de uma forma totalmente originada aqui, pioneirismo canarinho.
E como toda criança que cresce, devemos ama-la sem muitas expectativas e apoia-la acima de tudo... funcionalista demais? Talvez, amo essa cultura(s) e não nego a imparcialidade.

Pensei por dias como faria as resenhas aqui no blog. Com notas? Com opiniões? Sem Spoilers?
Quem sou eu para pensar em notas de obras de arte? Sou um germenzinho do jornalismo cultural, privo-me a opinião sincera das palavras que brotam após ver cada um, e só.

Preparando o terreno para o leitor, separei, vi, revi e analisei quatro obras nacionais recentes.
Quase todas sucessos de bilheteria; São eles: Romance de Tonico Pereira, Batismo de Sangue Helvécio Ratton, Última Parada 174 de Bruno Barreto e Meu nome não é Johny de Mauro Lima.

Por cordialidade, vamos fazer as devidas menções á genios que participaram de forma fabulosa nas obras. Guel Arraes com o roteiro de Romance, tornou tudo possível e Guilherme Fiuza no livro respectivo ao filme Meu nome não é Johny.

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Meu Nome Não É Johnny é um filme brasileiro de 2008, do gênero drama, dirigido por Mauro Lima, contando a história verídica de João Guilherme Estrella um traficante da Zona Norte do Rio. Foi baseado em um livro homônimo de Guilherme Fiuza.
Resenha
O filme é uma grande conjunto de viagens vicerais, profundas.
Somos tragados a uma viagem profunda e atormentadora ao seio familiar da classe média-alta brasileira. Ausência dos pais na infância dos filhos, a falta de orientação, o descaso e a facilidade quanto ao consumo de drogas entre os adolecentes. Seguimos então para um julgamento sobre a vida do cidadão em condições favoráveis, financeiramente falando que entra para o tráfico de drogas. De forma que, João Estrella torna-se um dos maiores traficantes da cidade do Rio de Janeiro em pouco tempo, graças a sua aptidão para os negócios e seu ciclo de amizades fluentes. Só por isso, o filme ja valeria para um bom tempo de reflexão por mexer com feridas tão expostas no sistema, mas seguindo essa linha, ainda vemos penitenciárias superlotadas, manicomios em estados que causam vergonha alheia, o julgamento ao cidadão perdido no sistema, o humor descarado, o humor negro ao longo do filme e de quebra Cléo Pires em ótima forma, tanto como atriz, quanto mulher.

Selton Mello, em certas partes do filme parece se entregar como "usuário" na vida real, de tão bem que representa as cenas em que está 'alterado' por efeito de algum entorpecente, uma atuação fantástica e concreta, mais uma para sua pratileira de boas atuações, que não são poucas.
Por fim, Meu Nome Não é Johny é uma ótima pedida para um público questionador e maduro.

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Batismo de Sangue é um filme brasileiro realizado em 2006 e lançado em 2007, dirigido pelo cineasta Helvécio Ratton. O filme é baseado no livro homônimo de Frei Betto que foi lançado originalmente no ano de 1983, e vencedor do prêmio Jabuti.

Resenha

Assumo que por diversas vezes meu repúdio por violência excessiva me fez querer parar de ver o filme. Não por cenas aterrorizantes, por excesso de sangue ou cenas de espanto. O filme não é apelativo, é apenas real, real demais. Real e doloroso na mesma medida.

A vida em obra de Frei Tito de Alencar é retratada de forma crua, límpida e revoltante no filme de Helvécio Ratton. O filme nos caracteriza dos tipos de cidadão, de um lado o brasileiro que se importava com a bandeira e com ideais de liberdade e de outro o povo, a massa, que prevalece hoje, injetado com ideais passageiros como futebol e qualquer outro tipo de alienação. Uma crítica perfeitamente atual e quase inconsciente do modo de viver do brasileiro que da graças a Deus pelo simples fato de viver em paz. No entanto, essa paz falsa e debilitada trazida pelo afago comercial da globalização faz com que heróis sejam esquecidos e ofendidos. Tais como Frei Tito e seus companheiros dominicanos (http://pt.wikipedia.org/wiki/Dominicanos), estes que deram a vida para que o povo continuasse sorrindo.

Uma atuação brilhante de Caio Blat deve ser mencionada. No início do longa, ele interpreta um sotaque nordestino até ao ler a biblia! Alem disso, temos cenas fortes que as ressalvas e as palmas se tornam poucas para o talento do drama, muito bem representado.

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Romance é um filme brasileiro, em parte filmado em Cabaceiras na Paraíba, que teve sua estréia no Festival do Rio 2008 depois de diversos adiamentos nos cinemas. Produzido por Paula Lavigne e dirigido por Guel Arraes, que assina o roteiro juntamente com Jorge Furtado, tem a direção musical de Caetano Veloso.
Resenha
Uma lista de nomes que impressiona. Mas o filme ainda consegue realizar proezas maiores.
Pedro (Wagner Moura) é um ator que idealiza o amor e o romance, como arte tal como a literária, durante um de seus testes realizados para encontrar uma atriz para contracenar a peça Tristão e Isolda (primeira história com traços romanticos registrada) ele encontra Ana (Letícia Sabatella), uma atriz excepcional (fala do personagem de José Wilker) com quem começa um namoro com ideais do romance perfeito. Mas quando esse romance se choca com a realidade dos problemas e ambições de cada um, a história muda. O filme é assim, cheio de reflexões sobre o espíritos e as essências do amor ideal, puro e belo e o seu contraste com o mundo atual, com o sofrimento dos amantes.

O núcleo principal de atores, os cinco: Andréa Beltrão, Vladimir Brichta (Palmas extras para ele, interpretou 3 papéis no filme, em que todos se intercalavam, papéis dentro de papéis, personagem sobre personagem), Wagner Moura (Brilhante e confuso o bastante), Letícia Sabatella e José Wilker, apresentam seus personagens de forma retumbante e características, como disse no início da resenha, só de nomes o filme ja tornaria-se uma grande pedida. Tivemos também a participação de Marco Nanini, um de meus atores favoritos.
Sem mais.

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Última Parada 174 é um filme brasileiro de 2008 dirigido por Bruno Barreto, escrito por Bráulio Mantovani, produzido pela Moonshot Pictures e estrelado por Michel Gomes e Marcello Melo Jr. O filme conta a história verídica de Sandro Barbosa do Nascimento, menino de rua do Rio de Janeiro que sobreviveu à chacina da Candelária e, em 2000, sequestrou um ônibus. No dia 16 de setembro de 2008 o filme foi escolhido pelo Ministério da Cultura como representante do Brasil na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro na cerimônia de 2009.[1]
Resenha
Ironico, real e revelador.
Note que um personagem aqui pode facilmente ser construído e destruído pela mídia. Quem não se lembra de Sandro? O louco, vagabundo cheirado que assassinou a pobre professora no sequestro no Rio? O filme de Bruno Barreto foi as entranhas desta história para nos trazer um resultado, um sumo do que o Brasil e o sistema capitalista geram de desigualdade, da falta de educação, da falta de rotina, moradia e orientação dos meninos de rua. Meninos da Candelária, assassinados. Sandro sobreviveu a Candelária, mas não ao sequestro desesperado e despreparado do 174 CENTRAL. O filme é forte, marca do cinema atual brasileiro, mas é exclarecedor o bastante para merecer ser visto e revisto por todos nós.

Sem mais.


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