Post Fifty One - Ônibus, Caos e Sorriso

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"Somos todas pequenas partículas de energia.”
Eu virei físico? Não, quem me dera ter a dedicação necessária.
Na última terça feira, me deparei com uma cena formidável, simples e bela.
Ônibus lotado, 07h30min da manhã, tudo normal até ai... Não? Um motorista estressado, deixando velinhas na "saudade" pelos postos espalhados pela zona norte.
Tudo convencional e pacífico, mais um dia de trabalho para toda aquela gente.
Eu, localizado de pé, próximo a primeira porta depois da catraca observei então uma mulher, com uma fisionomia diferente daquela, "estou estressado, estou cansado, o cachorro do vizinho latiu a noite toda, eu moro em São Paulo, que droga!"
A mulher em questão caminhou com um sorriso no rosto de alegria, de bem-viver, de bem-estar... Ela foi até um banco e se sentou - o ônibus tinha esvaziado bastante no último ponto. E lá permaneceu até o fim do trajeto do ônibus.
Aqui entra a unicidade da cena.
Como de praxe, todos sentar-se-iam, tentariam dormir, ficariam silenciosos e de cara fechada... "Oh! A “merda” da minha vida não é uma droga? Eu não tenho por que me acabar de sentir raiva do mundo? Diga-me? Meu chefe, meu marido, meu vizinho, minhas costas, minhas contas, meu salário atrasado, meu relógio quebrado, minha calcinha “tochada”, meu carro fodido..."
Não!
- Quer que eu segure a sua bolsa? – Com um sorriso lindo, jovial, sem carências e preconceitos ela expressou enquanto disse para uma velha com cara de mau-dia, logo a sua frente, de pé.
Ela quebrou o gelo, as barreiras com uma simples atitude de solidariedade.
Mas que isso! A mulher fez a outra mulher, eu e talvez muito mais gente ali, sorrir simplesmente! Isso sim é algo que deve ser levado em conta num mundo destes.
Pouco depois, quase todos os sentados carregavam mochilas dos que estavam de pé. Durante os quarenta ou cinqüenta minutos de viagem eu ouvi pessoas se conhecendo dentro do ônibus – o que com certeza não aconteceria se fosse uma viagem “normal”. Pequenas partículas compartilhando a mesma bondade.
A bondade de um sorriso.
Terça-Feira, 17 de fevereiro de dois mil e nove.
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Apelidei a mulher horas depois, quando voltei a refletir sobre a cena, de Iluminada.
O fato era que o dia estava cinzento para as pessoas, que, de certa forma, ficam presas nesse estado por dias, semanas e às vezes anos inteiros ou "restos de vida".
É triste, mas ai que entra esse tal caractere iluminado na história.
Ela abala a vida comum, traz algo que não cabe a nós explicar. Talvez até, lembramos de quando pudemos fazer outras pessoas sorrir, de felicidade e o quão bem nos sentem na hora.
Na pequena parábola do ônibus, fato que me fez refletir sobre os agentes tanto do caos quanto o da ordem, é que, nossa sociedade depende de um sorriso para ser salva, pois muitas vezes é o que basta para que as pessoas lembrem que por mais cinza que estejam seus dias, ela ainda está viva e livre.
Para finalizar, procure algo sobre AGENTE DO CAOS. Vale a pena.
Um abraço.